sábado, 1 de março de 2008

Sampa

Desculpem-me a ausência, os que deram por falta. Estive por uma semana em São Paulo, melhor dizendo, em Sampa.

Não é das cidades que eu amo, ou que escolheria para viver. Há seis anos não ia lá, tanto que gosto dela. Mas fui surpreendida: as quaresmeiras e os lírios deixados por Martha Suplicy estão floridos; os camelôs e out-doors retirados por José Serra não voltaram; e Kasseb está mantendo o lixo longe das ruas. Sampa está menos agressiva. E, em conseqüência, quem mora lá, também. As administrações não se destruíram, e o resultado é de se festejar.

O metrô dobrou de tamanho e a população fiscaliza o recolhimento do ICMS. A idéia é simples, como qualquer boa idéia: cupom fiscal com o CPF do consumidor impresso nela. Você apresenta as notas na Secretaria de Finanças e recebe parte do ICMS recolhido naquela compra. Sonegadores históricos estão sendo enquadrados - sem grito, sem cobrança judicial e sem multa. Setores inteiros da economia. A receita subiu e o poder dos fiscais diminuiu, chegando mais perto do limite que a lei lhes faculta.

Mas... pela primeira vez na vida pude passear na Sampa aonde já fui dezenas de vezes. Para concluir que essa cidade absolutamente não consegue se ajustar com o turista. Há muito o que ver, o que visitar, o que aprender e o que fazer. Uma dúzia de parques (o do Ipiranga não deve nada aos famosíssimos do primeiro mundo), dezenas de museus, centenas de opções de espetáculos e milhares de alternativas de lazer. Quinhentos anos da melhor arquitetura latina- e do pior trash, também, se alguém quiser se divertir com isso. Tudo isso, entretanto, está escondido numa desarticulação gigantesca como a cidade. Você sabe que tem, mas não sabe onde está, ou sabe onde está mas não sabe chegar lá – e não há quem lhe informe. Nada contra os paulistanos, agora mais sociáveis: eles também não sabem.

Na verdade, eles imaginam que o interesse de quem vai a Sampa é fazer compras ou fechar negócios. Eles não conseguem ver a cidade como um bom local para ser visitado, para alguns dias de experiências novas. Também porque se imagina que o turista só quer praia, sol, bebida e outras coisinhas semelhantes. O resultado é que o turista tem a sensação de que está sobrando. Faz suas compras, quando faz – shoppings existem em toda parte –, vê o que foi ver e cai fora. Não é para ele, aquilo lá.

É pena. Amsterdã badala suas tribos – e, no entanto, a variedade encontrável na estação da Liberdade é maior. Nova Iorque e Londres propagandeiam seus parques – Sampa está em pé de igualdade com elas. Tóquio alardeia compras – nada a dever, até porque o real é mais barato que o iene. A vida noturna é mais intensa que em Paris. A questão toda é que, sem ajuda, ninguém consegue se localizar nisso tudo. Vai ter que cair na excursão, que, geralmente, é estereotipada: São Paulo, dia livre.

Eu não passei a gostar de São Paulo depois desta viagem. Mas não pude me conter. Porque, com apenas um ajuste de rumo, Sampa pode ser um belo destino.

Procuro

Alguém que esteja satisfeito com a Telemar; com a Telefônica; ou qualquer companhia de telefonia móvel. Preciso recarregar minha esperança...