segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Do noticiário

Os aeroportos
A notícia: Caco Antibes, no “Sai de baixo” deste domingo: “Dilmaaaaa! Salve os aeroportos do Brasil!”
Outra notícia: empresário está terminando em São Paulo o primeiro aeroporto privado brasileiro. Está gastando de seu bolso 250 milhões de reais. Levou dez anos para chegar na terraplenagem da pista de pouso. O aeroporto tem pista maior que o de Santos Dumont e se destina à aviação executiva (jatinhos e que tais).
O comentário: metade dessa década de trabalho foi para conseguir as licenças necessárias. Ou seja, a burocracia devorou cinco anos de trabalho. As avaliações de projetos e de impacto são necessárias? São, sim, concordo. Com o que não concordo é que a fiscalização seja lenta demais, a legislação, complicada demais, e a estrutura instalada para analisar projetos, precária demais. Há um hiato entre o que o Estado exige e o que oferece. Há outro hiato entre o que prescreve a lei e a sua aplicação, não só porque as leis não são precisas o suficiente, mas também porque as avaliações passam por critérios subjetivos e, às vezes, até cenários futuros.
As estradas
A notícia: as piores estradas federais no Brasil estão no Pará, segundo pesquisa anual da Confederação Nacional dos Transportes.
O comentário: essa notícia é requentada, todos os anos é a mesma coisa. O Pará é o enteado pobre do Brasil. Nosso problema? Eleitorado pequeno, dinheiro pingado... Nós somos a periferia do Brasil. Até em favela carioca hoje se vive melhor: lá tem eleitor aos montes.
A notícia: Prometidas para 2010, a Ferrovia Norte-Sul e a Ferrovia Transnordestina estão praticamente paradas (...) Esse tipo de improvisação produziu sob Lula 17 aditivos apenas no trecho Palmas (TO) – Anápolis (GO). Nesse pedaço de chão, enterraram-se R$ 4,2 bilhões sob trilhos que jamais sentiram o peso de uma composição ferroviária. (Do blog de Josias de Souza).
O comentário: R$4,2 bilhões daria para asfaltar todo o trecho paraense da Transamazônica, trabalho prometido para 2005. E ainda sobraria troco...
Os animais
A notícia: manifestantes invadiram um instituto de pesquisa em São Paulo e levaram todos os cães beagle usados para pesquisa médica.
O comentário: protetores de animais deviam primeiro olhar em torno. Para o céu, de preferência. Gaviões, corujas e falcões não são tão bonitinhos como o beagle que, aliás, é uma raça desenvolvida pelo homem, um transgênico, podemos dizer, feito no século XIX especialmente para caçar lebres e animais semelhantes. Mas gaviões, corujas e falcões são parte da longa lista de mais de cem espécies de animais que precisam de proteção em São Paulo para não desaparecerem, a maioria deles por perda de habitat. Além disso, o cachorro não é das espécies mais usadas em pesquisa. Ratos são os campeoníssimos. Mas não dá para criar rato em apartamento, não é mesmo? O pior da invasão é o tempo perdido: as pesquisa terão que recomeçar. Do zero. Por que ninguém vai abrir mão dos remédios testados e seguros. Azar do paciente que estivesse esperando pelo resultado de algum desses testes – vai sofrer mais um pouco, se conseguir segurar a vida em si.

2 comentários:

Nazare W Diniz disse...

A propósito da roubalheira, leio, hoje, no jornal O Povo, em Fortaleza, o lançamento do livro "Historia do Brasil para Ocupados", de Luciano Figueiredo, onde cita que o primeiro func. público do Brasil,"Ficha Suja" foi Pero Borges, no ano de 1549 e tinha o status correspondente hoje a Ministro da Justiça, e que já em Portugal fora condenado por desvio de verbas da construção de um aqueduto. Roubou tanto que inviabilizou a obra. Como prêmio veio ser Ministro no Brasil!(Herança maldita).

Jornalista disse...

Antonio Vieira já desancava, em 1600, os governadores coloniais, segundo ele todos ladrões.
Obrigada, Nazaré.