O deputado Edmilson Rodrigues vai ser processado por quebra
de decoro parlamentar porque ousou, ousou! – chamar de moleque o eminente
peemedebista... como é mesmo o nome dele? Esqueci, que delito horrível! – no
aceso de uma discussão. Edmilson, um nortista, está sendo acusado de
“preconceito contra nordestinos”.
E o eminente peemedebista Renan Calheiros, presidente do
Senado, está sendo acusado de corrupção da grossa, mas, para o PMDB, não há,
aí, quebra de decoro. Nem sequer desconforto!
“Mexa-se, mexa-se!”, cantou uma vez o menestrel Juca Chaves.
“Mas nunca tão depressa! Quem tem pressa come cru!”.
Parece que o PMDB não ouviu essa cantiga, ou se ouviu,
esqueceu. Apresentou-se em rede nacional não como governista, não como aliado
do governo, como seria o correto, mas como o próprio governo. Alinhou ministros
e promessas, arrotou grandezas morais e uma competência feita de escolhas e bem poucas realizações.
Precipitou-se, o PMDB: embora tenha abocanhado uma bela fatia da administração
federal, ele não manda nela. Suas escolhas
estão subordinadas à presidente que, apesar de ter ganho uma eleição de forma
mentirosa, e por pequena margem, é legítima.
Já tivemos presidentes do PMDB. Dois presidentes-viúvos, que
assumiram porque a cabeça do casal foi decapitada. Quer ter, agora, um terceiro
presidente-viúvo, porque só assim, meio que na sombra, é que chega lá. Mas de
José Sarney lembramos a inflação estratosférica que nos conduziu para o Collor,
com Itamar na vice. Collor decapitado, passamos para outro governo do PMDB. Itamar
não acreditava no plano real (pelo menos é o que consta do livro da Míriam
Leitão, que Itamar nunca contestou), permitiu seu lançamento porque não tinha
alternativa. Depois se opôs radicalmente ao seu sucessor, Fernando Henrique, o
ministro do real.
Em todos estes anos de democracia plena, vários partidos
apresentaram projetos consistentes: PSDB, PT, PPS, PCdoB, Dem, PDT. São
projetos divergentes entre si, baseados em ideologias diversas, até contrárias,
e utopias diferentes. Mas são partidos que têm perfil, sabe-se o que esperar
deles. Quanto ao PMDB, como o partido deixou claro no programa em que se
apresentou como governo, faz escolhas:
ora, quem escolhe, escolhe o já feito, não cria nem constrói nada de novo.
Limita-se ao que está ao alcance da mão. Ideias, propostas, e, como vemos
agora, dutos de dinheiro clandestino.
Pensando bem, talvez isso seja uma ideologia, a ideologia do
líquido que toma forma do recipiente que o contém. Se for assim, é uma
ideologia que se evapora quando sob o aquecimento das tensões. E, mesmo
contando com a força do vapor, basta instalar uma válvula, de preço, aliás, bem
variável, para ser controlada.
E talvez explique porque não se exija decoro de um senador
publicamente acusado de praticar diversos crimes contra o erário público (e
mais um, contra a inteligência e a boa-fé dos brasileiros), mas se queira
enquadrar o deputado do pequeno PSOL porque talvez tenha se excedido no
discurso. Digo – talvez – porque é bem possível que o deputado Edmilson
Rodrigues tenha simplesmente falado a verdade. E o deputado X (não há jeito de
eu me lembrar do nome dele!) seja mesmo um moleque.
É, talvez o padrão ético do PMDB explique essa contradição.
E, sinceramente, não sei se um presidente do PMDB será melhor que uma
presidente do PT.
A lista de Janot e a decisão de divulgá-la, tomada por Teori
Zavaski (quem quiser que acredite que o Planalto não agiu nessas decisões) demonstram
que Dilma está longe de entregar os pontos. Se ela conseguir afastar Renan ou
Cunha da presidência de uma das casas do Congresso, enfraquecerá o PMDB o
suficiente para retomar a governabilidade ameaçada. Mesmo com as manifestações
de rua e a incômoda verborragia do ex-presidente Lula (que até agora não se
conformou de ser apenas um ex). Mesmo com o terrorismo virtual instalado pela
extrema direita e por um sem número de cidadãos assustados ou que se divertem
espalhando medo (só para dar uma ideia do que está acontecendo nas redes
sociais, dia destes recebi dois áudios ressuscitados de 1963!). Mesmo com uma
recessão em andamento.
Só que ela tem que ser rápida: falta uma semana para o 15 de
março e existe, graças a Lula, risco real de confrontação nas ruas.
3 comentários:
Ninguém sabe se um presidente do PMDB será melhor, mas todos sabemos que a presidente atual é um desastre. Como disse FHC, digna de um prêmio de economia, por ter quebrado tudo.
O Psol perdeu toda e qualquer moral apoiando o ditador colombiano na Venezuela. Foi CONTRA o repúdio a Maduro, junto com PT e PC do B. E todos vimos nos debates que é um apêndice do PT, com idéias ainda mais medievais.
Entre uma ditadura com economia quebrada e uma democracia com economia quebrada, melhor ainda é ter o direito de berrar.
O nome do parlamentar paraibano da capital é Hugo Mota. Desculpe-me a indagação, por que o Lula é o responsável pelo provável confronto que outras siglas insuflam desde a derrota nas urnas?
Obrigada por ler e lembrar o nome do parlamentar. Quanto à culpa do Lula, é porque o FHC já tem culpas demais.
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