As teorias conspiratórias: Leonardo Sakamoto criou a melhor
de todas no seu blog, tipo o livro de Dan Brown, o "Código da Vinci". Se ele
desenvolvesse o tema, quem sabe, conseguiria outro best seller. Mas há pelo
menos meia dúzia de outras, tentando explicar como é que o Brasil só não
amarelou porque já é amarelo, mas virou mamão passado do ponto.
A discussão política: vai atravessar a campanha eleitoral e,
como sempre, pouca coisa restará dela. Há ideias e ideais, mas há, sobretudo,
uma enorme incapacidade de trabalho a médio prazo. Torcedor, jogador e cartola
querem resultados rápidos e imediatos. Então, tudo fica pelo meio do caminho. E
esporte não é exatamente uma prioridade política, a não ser para ocupar garotos
de periferia...
Os elefantes brancos: temos agora um rebanho deles. No conto
infantil, o grande elefante branco é derrotado por um leão vegetariano. Creio
que teremos que importar indianos: só eles conseguem fazer os elefantes
trabalharem e pagarem seu sustento. Bem, dentro de dois anos teremos o torneio
de futebol olímpico e eles funcionarão de novo. Mas, oh, tristeza! Eles com
certeza precisarão de reformas e ajustes...
A desmistificação da Fifa: de repente o Brasil descobriu
que, apesar da grama dos campos de futebol ser baixinha, não é pouco o que tem
de coelho escondido e saindo desse matinho para as cartolas cada vez mais altas
dos dirigentes. Essa desmistificação é ótima: a Fifa caminha para não ser a
última palavra em futebol. Podemos falar grosso com ela, agora.
Um gosto amargo para o futebol: e não é por causa da
Alemanha. Apesar da goleada, não conseguimos ficar com raiva deles. O gosto
amargo foi trazido pela farra da Fifa no Brasil, o que inclui a ladroeira nos
ingressos. Descobrimos, de repente, que o esporte que é a nossa alegria é
apenas um grande negócio escuso para quem dirige. Que o torcedor é tratado como
otário a ser depenado. Principalmente se está do lado de baixo do Equador...
Uma porção de obras inacabadas: talvez elas terminem antes
das Olimpíadas no Rio de Janeiro. Nos outros locais provavelmente vão entrar
novamente no ritmo usual, isso se não caírem, como o viaduto mineiro. Do que
foi feito, ficam os aeroportos e algumas obras de mobilidade. Não sei ao certo
quais: desde maio que a página de obras do Portal da Copa não é atualizada.
Uma nova imagem internacional: a imagem do país Brasil melhorou
um pouquinho nos quesitos realização e democracia. E a do povo brasileiro ganhou
muitos pontos positivos. Talvez que afinal vá sobrar coisa boa dessa história
toda, se o fluxo turístico de fato aumentar.
A confraternização com os povos americanos: possivelmente a
melhor coisa que a copa nos proporcionou. Os torcedores dos nove países com
seleções na copa vieram – a maioria, creio, pela primeira vez – ver de perto o monstruoso
Brasil, considerado pelos sulamericanos como imperialista e pelos
norteamericanos como terra do fim do mundo. E começaram a demolir o
preconceito, da mesma forma como nós, brasileiros, começamos a vê-los com
outros olhos.
O nosso lugar: estamos entre as quatro melhores seleções do
mundo, mas, diferentemente da Colômbia ou dos Estados Unidos, numa curva
descendente. Se aproveitarmos o legado, poderemos reverter a curva; se não,
será o declínio.
E, finalmente, a conta: em janeiro de 2013, o site “Os
amigos do presidente Lula” informava que as despesas com a Copa seriam 22,46
bilhões de reais, que seriam largamente compensados pela entrada, na economia,
de 142 bilhões entre 2010 e 2014. Bem,
esse estudo foi igual ao que baseou a decisão de comprar a refinaria de
Pasadena: os 142 bilhões não entraram – os mais de dois bilhões de recursos que
seriam trazidos pelos turistas previstos não vieram, apesar da invasão
argentina - e a despesa subiu para 27 bilhões de reais, segundo o Tribunal de
Contas da União. Bem, o Coríntians terá que pagar o custo dos investimentos no
Itaquerão, dizem. E eu digo: é mesmo? Pago pra ver... Só o tempo dirá se valeu
a pena.
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