Este mapa mostra a BR-163, a Santarém-Cuiabá. Os quadros
maiores, circundados de branco, são ampliações dos quadrados vermelhos. O mapa, processado e divulgado pelo Greenpeace, é do monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais –
o INPE e é deste agosto.
O incêndio que percorre a estrada, com pavimentação em fase
de conclusão, assinala o furor da chegada de uma frente econômica – uma assim
chamada frente de penetração nacional, que na verdade é apenas mais uma
bandeira. Bandeira, de bandeirante, aquele antigo sistema colonial de “conquista
do sertão”. É o início, agora no sudoeste paraense, do que aconteceu no
sudeste: um faroeste, com direito a bangue-bangue, conflitos com índios,
corrida de ouro e guerra por terras.
Há mais de uma década foi realizado um alentado relatório de
impacto dessa estrada. Ela tem como característica principal estar num corredor
ladeado por terras indígenas e reservas ambientais – tudo sob tutela do governo
federal, naturalmente. E, como ela é uma estrada federal, também o meio desse
corredor agora está sob controle da União. E, no entanto, das recomendações do
alentado relatório não foi feito nada para impedir o que começa a acontecer com
os incêndios que, segundo a monitoria, aumentaram em quase 300%.
Mal se respira em Novo Progresso, informa o jornal local. Na
rede de estradinhas que se tece a partir do eixo da BR repete-se o ciclo:
desmate, queima, pastagem e, agora, plantio em escala. O agronegócio avança,
completamente descontrolado porque o poder regulador, o governo federal, não
fez nada, nem para demarcar a caminhada, nem para coibir os excessos, nem para
proteger o que está sob sua guarda: os tutelados diretos, os indígenas e a
natureza, e as pessoas que integram essa bandeira ou que lá já residiam.
Teremos um novo faroeste, um novo episódio do tratamento que
o Pará recebe da União: o de colônia a ser explorada, que, mais uma vez, vai
pagar o preço de ser uma reserva rica a ser saqueada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário