O governo só se pronunciou sobre o assunto depois que o índice foi divulgado, na última quarta-feira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que não pouparia esforços para evitar a alta de preços e quis demonstrar otimismo. Afirmou que a entressafra agrícola terminará em breve, que as pressões sobre o setor de serviços estão mais brandas. Também lembrou que a inflação de março foi a mais baixa do ano - segundo ele, um bom sinal.
Igual ao que ele disse agora – mas o bom sinal foi para o
espaço, porque o IPCA (índice de preços ao consumidor ampliado) de março de
2014 foi o mais elevado dos últimos 11 anos. A presidente vai para a tevê para
dizer que chove demais de um lado, seca demais de outro e, por isso... E aí o
pessoal da carne vem e diz que sabe como é, a estiagem anual começou muito cedo
e, então... E o padeiro da esquina explica, pela décima vez, que o dólar subiu
e o trigo é argentino e, desse jeito...
Meigo demais para o meu bolso. Mais meigo ainda quando vem o
Lula dizer que “temos que defender a Petrobrás com unhas e dentes” depois de
ter permitido que a empresa chegasse ao ponto que chegou. As unhas e os dentes
do Lula se mostraram mesmo foi na desmoralizante pizza antecipada proporcionada
pela chamada base aliada. Se, antes,
as CPIs acabavam em pizza, agora começam com pizza. Eu só queria saber quanto
essa pizza rendeu para a base. Porque
quanto custou para nós, cidadãos, eu sei: a Petrobrás.
Pensando bem, o problema é ser ex. Ex-aliado, como Eduardo
Campos, que foi ministro lulista e agora ousa ser ex. Renan Calheiros o ameaçou
de devassa no Ministério que comandou. O que o Renan sabe que a gente não sabe?
A intimidade do governo. Que, pelo jeito, é mais podre do que se pensa.
E aí vem o falso ranqueamento da ONU colocando Belém como a
23ª cidade mais violenta do planeta. Mas, rapaz! O disparate é tanto que nem
precisaria conferir. Mas eu fui conferir. Bem, a ONU não fez ranqueamento (nem
pode; as estatísticas dependem de registro que, em países pobres ou emergentes,
são muito falhos; o relatório até tem um mapa das cidades mais populosas do
mundo – do Brasil, só S. Paulo aparece – mas com mais casas em branco que
números). Dos dados existentes, as capitais do Panamá e de El Salvador aparecem
com as maiores taxas: 53 e 52 homicídios no ano para cada grupo de 100 mil
habitantes.
Agora eu gostaria de saber quem foi a alma penada que listou
as 30 cidades brasileiras. Dei uma
zapeada nas principais agências de notícias: nenhuma delas apresenta o tal
ranqueamento. Vou mais adiante e descubro que o ranqueamento foi feito “pelo
jornal O Globo com base em um documento do relatório”, informa Renan Truffi, no
“Carta Capital”. Vou a O Globo: Marcelo Remigio é o nome do homem. Ele usou
dois relatórios, um da ONU e um de uma ONG mexicana. Fez uma bela salada e
serviu um fake, um engodo. Daí todo
mundo reproduziu, sem citar a fonte (mau jornalismo, mas muito comum), dando
uma aparência de verdade. Quero ver se O Globo se retrata, agora. Porque não
tem ranqueamento e sequer base de dados completa no relatório da ONU.
E por falar em violência: se não forem tomadas medidas
enérgicas agora, por quem de direito (leia-se Justiça Militar) o motim feito
pela Polícia Militar na semana passada vai ser só um ensaio geral. Certas
coisas não são meigas, motim é motim e funções de Estado são inegociáveis.
Um comentário:
Mau jornalismo é eufemismo. A Globo só divulga notícia ruim do Pará. Neste caso a agenda está clara: divulgando-se tal notícia sobre o Pará desvia-se a atenção dos problems com a 'Pacificação' das favelas cariocas; noticiando-se sobre o problem do aeroporto de Belém, nos dias de temporal, reforça-se a manutenção do aeroporto to Amazonas como ponto de entrada no Norte do Brasil. E saber que para pousar em Manaus o piloto tem de "pisar no freio" antes de tocar o solo, se não, passa do fim da curta pista. Não importa a procedencia ou se a notícia não tem respaldo na realidade, o objectivo foi alcançado. - Eli
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